É com grande satisfação que recebi o convite para participar do III Seminário de Pesquisa em Mídia Educação e é um prazer poder dividir algumas experiências que estamos desenvolvendo no campo da Educação Física. Agradeço o convite e no nome da Mônica Fantin cumprimento a comissão organizadora do evento assim como cumprimento o Professor Giovani de Lorenzi e a Andréa Figueiredo L. Grants aqui compondo a mesa comigo.
Gostaria de começar minha exposição fazendo uma afirmação para que não criem falsas expectativas com a minha fala: sou do campo da Educação Física e é a partir dele que me aproprio de alguns princípios, conceitos e soluções tecnológicas e construo as relações com a mídia educação para pensar, desenvolver e retornar ao campo da Educação Física no qual milito. Dito isso, diminuo minha ansiedade e uma parte da minha responsabilidade para tão importante tarefa a mim atribuída nesse evento.
Assim, pensando que nesse evento há profissionais de várias áreas, inclusive do meu campo mas não sendo um evento do campo da Educação Física minha exposição iniciará situando com alguns aspectos que avalio relevante serem conhecidos por vocês para que compreendam da onde falo; num segundo momento tento apresentar alguns conceitos e princípios que nortearam algumas das ações da Educação Física, em especial do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte no que tange ao acesso ao conhecimento científico e finalizo apresentando algumas experiências implantadas e um futuro projeto para garantir o acesso ao conhecimento científico do campo da Educação Física.
Alguns aspectos do campo da educação física
Aspecto | Marco referencial | O atual |
A formação | Primeiro curso de formação de Educação Física década de 1930 | 1046 cursos em todo o Brasil sendo 12 na modalidade a distância |
A pós-graduação | Primeiro Programa de Pós-Graduação 1977-USP | 21 Programas |
A nomenclatura | Educação Física | Educação Física; Ciências do Esporte; Ciência do Movimento; Cinesiologia. |
Sociedades Científicas | Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte 1978 | Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte; Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde; Sociedade Brasileira de Biomecânica; Sociedade Brasileira de Sociologia do Esporte; Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte; Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada. |
O profissional | O Instrutor Físico | O professor, o profissional, Educador Físico; |
Entidades Profissionais | Associação de Professores de Educação Física – APEFS | Conselho Federal de Educação Física (1998) |
Fenômenos e Práticas | Ginástica | Ginástica; Esporte; jogo; luta; Dança; Práticas corporais/Atividades físicas; esportivas, recreativas, de lazer. |
Conhecimento | Saber Fazer | Saber fazer, saber sobre o saber fazer, saber ensinar; saber pesquisar; |
Educação Física e Mídia | Sibradid (década de 1980) | CEV; Conbide; Enome; Revistas no SEER, Repositório do ME; Nuteses; Cursos de Educação a distância; GTT Comunicação e Mídia do CBCE; CEDIME; Labomídia; |
Algumas constatações:
1. A Educação Física é um campo novo;
2. Campo de fronteiras
3. Campo substanciado pela tônica da dicotomia: acadêmico x intervenção; humanidades e biológicas; teoria x prática; saber x saber fazer...
4. Campo onde as regras estão em jogo no jogo;
5. Dificuldade de consensos;
6. Campo em Expansão principalmente na última década;
7. É recente a prática da pesquisa (produzir e veicular);
Como o campo vem pensando a política de acesso ao conhecimento
A preocupação com democratização do conhecimento, com a documentação com a informação e difusão faz parte da recente história desse campo acadêmico com experiências como o SIBRADID, CEV; CEDIME, I E II CONBIDE criação do Grupo de trabalho temático comunicação e Mídia do CBCE, dentre outras experiências.
Mas talvez as experiências de maior impacto e que conseguiram se firmar foi o seu alinhamento a política de acesso livre do IBICT e suas soluções tecnológicas com a tradução e customização dos software SEER, SOAC, TEDE e DSPACE, todos livres e dentro do principio do movimento de acesso livre.
O movimento de Acesso Livre (AL) a informação científica é caracterizado por duas grandes iniciativas: Open Acess (OA) e Open Archives Initiative (OAI). Para Ferreira (2008), a OAI é o elemento técnico de interoperabilidade do sistema e a OA é o elemento político que propõe o acesso livre à informação científica. O acesso livre consolida-se como a disponibilização integral e gratuita na Internet de literatura de caráter científico, permitindo a qualquer pessoa a possibilidade de pesquisar, consultar, descarregar, imprimir, copiar e distribuir fontes de informação científica.
As duas principais declarações internacionais sobre o acesso livre são a "Iniciativa de Acesso Livre de Budapeste" (Budapest Open Access Initiative) [1], de 2002 e a Declaração de Berlim sobre o Acesso Livre ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades (Berlin Declaration on Open Access to Knowledge in the Sciences and Humanities)[2], de 2003 e a Brasileira denominada: Manifesto Brasileiro de apoio ao Acesso Livre a Informação Científica. Estas ações desenvolvidas por importantes instituições e pesquisadores mundiais apontam para uma mudança profunda no processo de veiculação e difusão do conhecimento e indicam um afastamento da política científica tradicional estruturada a partir da lógica do mercado editorial.
Segundo Kuramoto (2006), a OAI tem como meta principal contribuir, de forma enfática, para a transformação dos modos de comunicação científica. A linha de ação proposta dessa transformação é a definição de aspectos técnicos e de suporte organizacional de uma estrutura de publicação científica aberta. Dessa forma, os princípios básicos que regem a OAI são o auto-arquivamento, a revisão pela comunidade científica e a interoperabilidade entre ferramentas criando, dessa forma, um sistema de provedores de dados e provedores de serviços que operam em conjunto. Esta linha de ação busca o compartilhamento e a facilitação na agregação de dados através de um protocolo denominado Protocol for Metadata Harvesting (PMH), protocolo este que garante o elemento técnico de dados sobre dados, ou seja, os metadados.
PROVEDORES DE DADOS
Os provedores de dados são a base de todo o sistema da OAI pois são considerados os insumos para os demais serviços. Alguns exemplos de provedores de dados:
Provedores de Dados:
SEER
SOAC
TEDE
DSPACE
SEER
Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas – SEER é um software desenvolvido para a construção e gestão de uma publicação periódica eletrônica. Esta ferramenta contempla ações essenciais à automação das atividades de editoração de periódicos científicos, baseado no software desenvolvido pelo Public Knowledge Project (Open Journal Systems) da Universidade British Columbia (http://pkp.sfu.ca/ojs/).
SOAC
O Sistema On-line de Apoio a Congressos é um sistema de gerenciamento de congressos científico que garante as etapas de gestão do congresso, o processo de submissão e avaliação dos papers, ao final a publicação em forma de anais.
DSPACE
O DSPACE possibilita o reposição de qualquer objeto de mídia e tem como finalizada garantir a memória institucional e a preservação da produção intelectual de uma dada organização. http://dspace.ibict.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1
Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações – TEDE
O Sistema TEDE, desenvolvido pelo Ibict, tem como objetivo proporcionar a implantação de bibliotecas digitais de teses e dissertações nas instituições de ensino e pesquisa e sua integração à Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - BDTD nacional.
Distribuído, gratuitamente, pelo Ibict, em um pacote contendo o Sistema TEDE já implementado o MTD-BR e a camada do Protocolo OAI-PMH, metodologia de implantação, manuais operacionais e de usuário, documentação e treinamento.
Este sistema está implantado quase que na totalidade dos cursos de Pós-Graduação em Educação Física brasileiros, facilitando a recuperação da informação das dissertações e teses defendidas no Brasil via metadados. Algumas universidades possuem seus próprios repositórios de teses e dissertações, como é o caso da Unicamp, mas ao mesmo tempo, utilizam o protocolo OAI, podendo ser gerado novos serviços.
PROVEDORES DE SERVIÇOS
Os provedores de serviços desenvolvem ações a partir dos provedores de dados como construções de coleções específicas, criar índices bibliométricos, construir repositórios temáticos, criar índices de impacto, Etc.
Alguns exemplos e soluções para o problema do acesso ao conhecimento do campo da Educação Física
A aliança entre os elementos político e técnico do movimento mundial de acesso livre a literatura acadêmica talvez tenha sido o grande diferenciar para a incorporação da comunidade científica da Educação Física em especial dos sócios do CBCE tendo em vista que esses são princípios dessa entidade científica.
As soluções tecnológicas apresentadas e o suporte do IBICT consegue convencer os pesquisadores e os gestores do campo da educação física da sua importância e da sua efetividades pois agrega valor a produção e facilita o acesso a informação científica.
Revistas do Campo da Educação Física no SEER
- Pensar a Prática - http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef
- Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano http://www.rbcdh-online.ufsc.br/
- Revista Movimento http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/index
- Revista Motriz http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/motriz
- Revista Motriviência http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/index
- Movimento e Percepção http://www.unipinhal.edu.br/movimentopercepcao
- Journal of Exercise and Sport Sciences http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/jess/
- Brazilian Journal of Biomechanics = Revista Brasileira de Biomecânica http://143.107.39.184/ojs/index.php/rbb/index
- Revista Brasileira de Ciências do Esporte www.revistas.cbce.org.br
- Revista de Educação Física da UEM - http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/index
- Inquires in Sport e Physical Educational http://www.hape.gr/emag_en.asp
- International Review of Sport Pedagogy - http://www.rips.it/index.php/ripsjournal/index
- South African Journal for Research in Sport, Physical Education and Recreation 156 http://www.ajol.info/viewarticle.php?id=27718
REPOSITÓRIO DA REDE CEDES
O repositório da Rede Cedes R.I. Rede CEDES tem como objetivo reunir, organizar, preservar e disponibilizar os arquivos digitais referentes à produção científica decorrente das pesquisas realizadas e em realização pela Rede CEDES, garantindo assim a construção coletiva desse espaço, além do arquivamento e do acesso público a essas informações.
NUTESES
Banco de teses e dissertações da Educação Física anterior a implantação do TEDE.
SIRIÁ
O Siriá é uma manifestação da cultura corporal do norte do Brasil e representa a coleta do SIRI. Aquí nos apropriamos dessa representação para criar o Sistema de Recuperação da Informação Acadêmica da Educação Física pelas características:
1. Manifestação da cultura corporal, no caso a Dança, conhecimento desenvolvido históricamente pela Educação Física;
2. Dança que representa a coleta coletiva do SIRI e para a Educação Física a coleta da produção do conhecimento e construida colaborativamente-coletiva através da descrição dos metadados;
O SIRIÁ será um provedor de serviços que agregará os metadados de todos os provedores de dados numa única interface e disponibilizará este conteúdo acadêmico para acesso livre e gratuito aos usuários. Assim podemos definir o SIRIÁ como um Sistema Inteligente de Recuperação da Informação Acadêmica do Campo da Educação Física e Ciências do Esporte. Será um canal de comunicação científica de acesso aberto que permitirá, por meio de uma única interface, a pesquisa simultânea em repositórios digitais, periódicos científicos eletrônicos, anais de congressos, em bancos de teses e dissertações e outros sistemas que utilizam o protocolo OAI-PMH.
[2] Esta informação como outras acerca destas iniciativas podem ser encontradas em http://oa.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html.
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